Nutrição

A importância do estado nutricional no pré e pós transplante

Manter um bom estado nutricional e controlar o peso, são aspetos importantes tanto no período de pré como de pós transplante, podendo ser fatores condicionantes à transplantação, assim como à recuperação após esta ocorrer.

A doença prolongada que com frequência acompanha os doentes propostos a transplante, pode ter como consequência emagrecimento e perda muscular acentuados.

As necessidades energéticas aumentadas pela própria doença, a falta de apetite generalizado, o cansaço que a refeição implica, seja pela sua preparação e confeção, seja pelo esforço que a própria mastigação e deglutição implicam, levam a uma diminuição acentuada na porção de alimentos ingeridos e do número de refeições.

É frequente os doentes referirem fazerem apenas duas ou três pequenas refeições por dia, constituídas por porções muito pequenas, com diminutas ou até inexistentes porções de carne ou peixe. Estes por serem mais difíceis de preparar e mastigar, são dos primeiros alimentos onde se verifica diminuição na ingestão.

Além destes, pode ocorrer também diminuição no caso dos laticínios, quer por falta de habito, por não gostar, ou até pela cada vez mais frequente substituição destes alimentos, por produtos de origem vegetal, com menor teor de proteínas, assim como de cálcio.

Com a diminuição da ingestão destes alimentos, ocorre a diminuição da quantidade de proteína incluída na alimentação, promovendo a perda de massa muscular.

No entanto, noutros doentes pode ocorrer também situação contrária:
Apesar da ingestão de várias refeições ao longo do dia, constituídas por alimentos de elevado teor calórico e até em quantidades apreciáveis, ainda assim e pelo facto de apresentarem as necessidades energéticas muito aumentadas, causa da própria doença, não há ainda assim aumento do peso nem da massa muscular.

Em qualquer das situações, o emagrecimento e a perda de massa muscular podem ser rápidos e acentuados e com frequência de difícil regressão.

Mas o baixo peso não se verifica em todos casos e pode ocorrer até, a situação oposta.

O sobrepeso e ou a obesidade também se verificam, não significando, no entanto, melhor estado nutricional.

A perda de massa muscular pode ocorrer, acompanhando a diminuição da atividade física, mantendo-se ou até aumentando o peso.

Com frequência estes doentes apresentam um apetite seletivo, para alimentos nutricionalmente menos ricos, mas mais calóricos.

As refeições podem compor-se de alimentos com elevado teor em açúcar, gorduras saturadas e sal.

Alimentos industrializados já confecionados ou de fácil confeção, que diminuem o tempo de preparação das refeições, tornando-as mais práticas e fáceis, são muitas vezes incluídos diariamente na alimentação destes doentes, contribuindo para a obesidade e carências nutricionais.

Já no pós transplante, ocorre com frequência um aumento acentuado do apetite e idealmente um incremento na atividade física, com consequente aumento do numero e volume das refeições.

É frequente os doentes reportarem a diferença do apetite entre o período do pré e do pós transplante e deparamo-nos muitas vezes com a situação de indicar agora restrições alimentares, que até ao transplante se incentivava o consumo.

Controlar e vigiar o peso é de grande importância de forma a evitar situações de rápida escalada.

Em qualquer das situações descritas, o cuidado nutricional é importante, procurando promover-se uma alimentação equilibrada.

Deve ser feita restrição de alimentos muito calóricos e nutricionalmente pouco interessantes, como seja alimentos industrializados muito ricos em sal e conservantes, ricos em açúcar e ricos em gorduras saturadas.

Promover a inclusão de alimentos simples e frescos, fracionando a alimentação diária em várias pequenas refeições em oposição a poucas refeições e mais volumosas.

A inclusão de legumes a todas as refeições principais é um aspeto importante a promover, também pela sua importância no controle do peso.

Devem ser incluídas várias peças de fruta ao longo do dia, duas a três, devendo ser consumida fresca e preferindo-se fruta da época.

Nas situações de baixo peso, incluir-se sobremesas que podem incluir fruta, laticínios e pequenas porções de açúcar, pode ser uma de forma a aumentar o valor calórico das refeições.

Neste caso ainda, poderão ser prescritos suplementos nutricionais melhor adaptados a cada doente, após avaliação pelo nutricionista.

O equilíbrio da ingestão de proteína é importante, não fazendo grandes restrições, mas sem promover consumo excessivo, dos tão vulgares hoje em dia, alimentos hiperproteicos presentes em todas as prateleiras dos supermercados.

Em qualquer das situações descritas, um nutricionista poderá contribuir no ajuste de um plano alimentar adaptado a cada situação e a cada doente.

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