A pessoa transplantada pulmonar necessita de uma série de cuidados ao longo da sua vida. Estes podem variar de acordo com a fase do pós transplante em que estão, da sua condição física, da sua situação clínica e uma série de outros fatores. Pois cada ser humano é um ser único e não podemos standardizar.
Após o transplante pulmonar é necessário tomar variada medicação, nomeadamente terapêutica imunossupressora o que faz com que haja uma “supressão artificial” da resposta imunológica, para que o corpo não rejeite o pulmão através do seu sistema imunitário. Este sistema é, também, responsável pela prevenção e tratamento das infeções às quais estamos expostos no nosso dia-a-dia. Após o transplante a tendência natural do sistema imune da pessoa é desencadear uma reação de defesa ao pulmão transplantado (que é um órgão estranho) e pode gerar uma rejeição. Para que isto não aconteça é efetuada diariamente a terapêutica imunossupressora, mas por este motivo o organismo fica mais suscetível à ocorrência de infeções.
Sendo o pulmão um órgão em permanente contato com o mundo exterior, com tudo o que nos rodeia (micro-organismos), há sempre uma grande preocupação com a possibilidade de contrair infeções.
Como estamos no inverno, em que a preocupação com o frio é acrescida para todos nós, mas para a pessoa transplantada pulmonar deverá ser mais ainda, pois em situações de frio intenso são produzidas alterações no organismo que podem facilitar o aparecimento da gripe ou de outras infeções respiratórias. Devido a alguma da medicação que tomam o organismo pode não ter a mesma capacidade de fazer a termorregulação e desta forma não previne os efeitos do frio na sua condição de saúde.
Um dos recursos para evitar a infeção respiratória é não esquecer o uso da máscara em locais fechados, principalmente durante o inverno e as vagas de frio. Pois faz com que haja uma maior tendência para a concentração das pessoas em locais fechados que são mais protegidos do frio, mas que podem contribuir para a propagação de algumas doenças infeciosas. Não se devem descuidar da lavagem das mãos que deve ser frequente no seu dia-a-dia, principalmente se estiverem em zonas públicas que aumenta o risco de infeção pelo contacto.
Se possível evitar sair à rua nas horas do dia de frio mais intenso que é de manhã cedo e ao final do dia. Se não for possível tal como a Direção Geral de Saúde recomenda usar várias camadas de roupa, em vez de uma única peça muito grossa, também para poder ajustar de acordo com a temperatura dos locais fechados que frequentar, ou seja despir peças de roupa em locais aquecidos e voltar a vestir quando regressar à rua. E não use roupas demasiado justas que dificultam a circulação sanguínea.
Deve proteger as extremidades do corpo usando luvas, gorro, cachecol, meias quentes e calçado quente e adequado às condições meteorológicas, prevenindo assim também quedas em piso escorregadio ou molhado. Evite andar descalço mesmo dentro da sua casa.
Deve dar especial atenção à hidratação da sua pele, principalmente a que está mais exposta ao frio, as mãos, cara e lábios.
Deve manter o corpo hidratado e quente. Não se esqueça de beber líquidos, pode beber chá quente, pois as bebidas quentes estão recomendadas.
Faça mais refeições e aumente o consumo de alimentos ricos em vitaminas, sais minerais e antioxidantes, fruta e hortaliça.
É importante que mantenha a sua casa quente e protegida do frio. Como as condições térmicas e de isolamento da casa ou edifício nem sempre se podem alterar é de extrema importância adotar outros fatores relevantes. Manter a temperatura da casa entre os 18°C e os 21°C graus de preferência todas as divisões aquecidas à mesma temperatura, mas se não conseguir tente ter aquecido os locais onde vai estar mais tempo, sala ou cozinha, casa de banho quando for tomar banho e o quarto quando se for deitar.
Se necessário coloque proteção nas portas e janelas para evitar que o calor acumulado saia e entre o frio.
Tenha cuidado com o equipamento de aquecimento que usa e faça sempre circular o ar nos diferentes compartimentos da casa mesmo os que estão a ser aquecidos, principalmente se estiver nesse compartimento.
Especial atenção se estiver em contacto com pessoas que estejam com infeções respiratórias ou apenas com sintomas sugestivos de tal, principalmente se for dentro da sua casa.
Não se esqueça que está mais vulnerável a contrair infeções.
A qualquer sintoma suspeito contacte o seu médico pneumologista ou enfermeiro.
Referências Bibliográficas: LINHARES, MARLENE, O Acompanhamento da Enfermagem de Reabilitação na Consulta de Doentes Pós Transplante Pulmonar, maio 2014; https://www.dgs.pt/em-destaque/tempo-frio-exige-cuidados-com-a-saude; CHLC, EPE, Procedimento Multissetorial – CIH.102 – Higiene das mãos; Drª PEREIRA, ANA LUÍSA, Complicações transplante pulmonar: Iatrogenia farmacológica, MY PNEUMOLOGIA, março 2016